Com fatos e sensações que me fazem refletir muito este começo de ano, sinto a necessidade de continuar a escrever aqui.
Em 2016 finalizei o ano com a experiência de participar de muitas corridas de rua. Foi bacana, as experiências particulares foram boas demais. Os incentivos que recebia de pessoas que viam o meu esforço e muitas vezes as dores que meu rosto não escondia ao vencer cada passo, não me deixavam desistir. A sensação de chegar ao final de cada objetivo, de sentir o corpo melhorando, as dores diminuindo e a certeza de que temos como chegar ao fim de nossos objetivos, seja caminhando, correndo ou sorrindo, era a melhor possível. Teve coisas ruins também. Olhares, comentários agressivos e aqueles perdedores que sempre procura alguém mais fraco, mais lento ou qualquer coisa para que ele possa dizer ser melhor, mas era engraçado que no fim das corridas estes fatos viravam poeira na sola do tênis. A vida inteira temos que enfrentar estes vampiros. Confesso não saber lidar calmamente com alguns tipos, principalmente quando os vampiros são pessoas próximas, familiares, mas quando é alguém que nem se quer vi conheço, tento respirar fundo e soltar o ar lentamente deixando sair todo o veneno junto.
Bem finalizei o período de corridas no final do ano de 2016, mas as caminhadas fazem parte da minha vida, virou momentos para refletir e meditar.
O ano de 2017 começa com a experiência de entrar em contato com a terra, já estava neste processo. Viver da terra, da simplicidade, da busca pela essência perdida, por sempre escolher caminhos que parecia ser o óbvio, o que a sociedade pregava. Aquele momento de não escutar, de anular mesmo, os pequenos fatos que te fazem sentir com o propósito de viver intensamente a vida. Alguns chamam de felicidade.
No começo de 2017 estava em Barão de Antonina, cidade que faz fronteira com o estado do Paraná. Eita que foi bom demais, sabe aquela sensação de trabalhar o dia inteiro na terra e o sorriso no rosto não querer sair. Ali coloquei muitas coisas em prática, aprendizados que já estava lendo e experimentando no meu quintal, mas pude experimentar e colocar em prática em um quintal muito maior com mais árvores, mais vidas. Lá eu percebi a sensação do ritmo diminuir, desacelerar, acalmar mesmo sabe? Eu queria mais, foram quase um mês conhecendo pessoas bacanas e um mundão todo de aprendizado.
Voltando para São Paulo intensifiquei os contatos que tinha, para continuar minha busca. A esta altura já conversava com um casal lá do interior de Minas Gerais, estado da família dos meus pais.
Conheci virtualmente Oriane Descout, a cineasta e documentarista francesa e o Marcio Soares, mais conhecido como Marreco, o agroecólogo de mão cheia.
Com idas e vindas parecia que eu não ia conhecer Rio Pomba, a cidade onde Oriane e Marreco moram. Sempre tinha algo que me impedia de ir conhecer. O medo do desconhecido era um dos fatos que me fazia hesitar. Mas rolou aquela máxima, se o medo é grande demais, encara ele de frente e vê no que dá.
Enfrentei o medo e em agosto de 2017 eu estava em Rio Pomba, chegando no Monte Sião, terreno onde Oriane e Marreco estavam finalizando a casa deles e onde boa parte da websérie que a Oriane produz que conta a história do casal em busca da sua terra, seus sonhos e seus ideais. Alias quem quiser assistir os vídeos que a Oriane já postou no youtube é só procurar pelo nome dela "Oriane Descout", não posso falar muito sobre os vídeos, pois sou fã de carteirinha do casal, da luta deles e de tudo que eles fazem.
Bem em Rio Pomba, apesar de ter sofrido um pouco com o corpo, pois a batalha ali era diária e o corpo não acompanhou o ritmo, eu senti que estava no caminho certo e ao mesmo tempo, só no começo da minha caminhada e também aprendi, na prática, o que é procurar o seu ritmo, o ritmo do seu corpo.
Hoje eu digo que sou filho do Monte Sião, fiquei dois meses com o casal Oriane e Marreco e uma gama de pessoas magnificas que estão buscando na terra as suas revoluções de vida, foi lá que renasci, foi lá que minha esperança renasceu. Com o tempo conto mais sobre o período de Rio Pomba.
Voltei para São Paulo e a única certeza que tinha era de ter que continuar a minha busca, o meu aprendizado, o meu amadurecimento e o amadurecimento deste meu novo caminho. Com isso no final de novembro parti para Ubatuba conhecer o IPEMA Brasil, um instituto de permacultura que fica no meio da mata atlântica, por lá fiquei apenas dez dias, mas foram dez dias intensos. Conheci o casal Dani e Leo que moram no IPEMA e também o Tom, argentino que foi meu companheiro de voluntariado no local, muito trabalho e muito satisfação de ter conhecido a região, o lugar as pessoas e o mais importante de como eu tenho que me conhecer muito, mas muito mesmo. Entrar em contato conosco, com nossos medos, nossas barreiras que foram fortalecidas e erguidas por anos e anos de opressão internas e externas é o melhor caminho para seguir em frente.
Este é um pequeno resumo destes passos que dei nos últimos tempos, em breve contarei mais coisas, mais detalhes, mais personagens destas minhas experiências e das próximas que estão por vir enquanto procuro ritmo.
Por enquanto é isso e bora lá!!!!